Resenha: Laços de Sangue (Richelle Mead)

Editora: Seguinte

Ano: 2013

Categoria: Jovem Adulto / Ficção&Fantasia

Páginas: 432

Avaliação: 
Compre: Submarino & Saraiva

Sinopse: Com sua lealdade colocada em questão, Sydney se sente obrigada a voluntariar-se para uma tarefa nada agradável: ajudar a esconder Jill Dragomir, uma princesa vampira que está sendo perseguida por rebeldes que querem o poder. Assim, pelo bem dos humanos, Sydney aceita se disfarçar de estudante e passa a conviver diariamente com Jill e seu guardião Eddie. Mas entre uma conversa e outra, ela começa a ter a sensação de que talvez esses seres estranhos não sejam tão maus assim, principalmente Adrian, um vampiro muito próximo de Jill que desperta os sentimentos mais contraditórios e proibidos em Sydney. Caberá a ela resolver todos esses mistérios e garantir a paz entre os humanos antes que seja tarde demais.

Talvez eu seja a pessoa mais suspeita a falar sobre esse livro, afinal, Richelle Mead me conquistou desde muito cedo através da aclamada saga Academia de Vampiros. Então, obviamente, o spin-off dessa maravilhosa e criativa saga conquistou não só meu coração, como meu favoritismo acima de VA. É claro, você não precisa ler a saga anterior para apreciar Bloodlines, porém eu super recomendo também, até pra entender alguns fatos que levaram aos acontecimentos iniciais de Laços de Sangue.

Nesse mundo existem três espécies de vampiros, os Morois que são os “vampiros vivos” e que não ameaçam os humanos. Os Strigois que são os “vampiros mortos” e malvados, que matam sem qualquer consciência de culpa e compaixão. E os Dampiros, que são apenas meio vampiros e protegem os Morois dos Strigois por precisarem deles para se reproduzirem. De ínicio pode até parecer estranho, mas conforme a história vai se desenrolando e você passa a entender melhor as espécies, acabam por se tornar os vampiros mais originais e criativos que vocês já viram.

“— Estamos com um problema — ouvi Stanton dizer. Finalmente, eu teria algumas respostas. — Com os Moroi. Soltei um pequeno suspiro de alívio. Melhor eles do que os Strigoi. Qualquer “problema” que os alquimistas enfrentavam sempre envolvia uma das raças de vampiro, e eu sempre preferia os vivos, que não matam. Às vezes, eles quase pareciam humanos (mas eu nunca diria isso a ninguém presente ali), e viviam e morriam como nós. Os Strigoi, no entanto, eram aberrações da natureza. Vampiros assassinos, que nunca morrem, criados ou quando um Strigoi forçava uma vítima a beber seu sangue ou quando um Moroi tirava a vida de outro de propósito, ao beber seu sangue. Problemas com os Strigoi costumavam terminar com alguém morto.”

Mas o foco de Laços de Sangue vai muito além dos vampiros, nesse livro entendemos melhor sobre os Alquimistas, que são humanos que sabem da existência dos vampiros e fazem o “trabalho sujo”. Ou seja, são eles que somem com qualquer evidência sobrenatural. O principal objetivo de um Alquimista é manter os humanos a salvo e esses dois mundos devidamente separados.

A História começa logo após o final de “O Último Sacrifício” (o último livro de Academia de Vampiros) e dessa vez temos o ponto de vista da Sydney, que é uma alquimista e enxerga tudo com uma opinião bem diferente da queridíssima Rose Hathaway. Após ajudar Rose a fugir da prisão e a provar sua inocência, Sydney passa a perder a confiança dos alquimistas, tendo em vista que para os alquimistas nem mesmo os morois ou dampiros são livres dos preconceitos de serem coisas antinaturais. Mesmo que a contragosto alquimistas, morois e dampiros se “apoiem” quando o assunto são os strigois, simpatizar com esses seres já é demais não é? Afinal eles bebem sangue! Então para provar que sua lealdade sempre está e sempre esteve com os seus, Sydney é obrigada a ajudar a esconder a princesa moroi Jill Dragomir, dos inimigos que ameaçam quebrar a paz dos morois, forçando os alquimistas a tomarem atitude para que isso não afete os humanos. E quem poderia imaginar que uma princesa moroi viria a se esconder em um local totalmente humano, inesperado e principalmente quente?

“– Palm Springs? –  repeti. Não era isso que eu estava esperando. Quando eu pensava me Palm Springs, enxergava astros de cinema e campos de golfe. Não eram exatamente férias em Roma, mas também não era o Ártico.”

Mas obviamente Jill não vem sozinha, Eddie Castille, seu guardião dampiro e o charmoso moroi Adrian Ivashkov, também estão juntos nessa e a missão da Sydney é fazê-los passar despercebidos e sem demonstrar qualquer tipo de afeição por eles. Até que justo quando todos acham que estão seguros, estranhos assassinatos passam a acontecer, levando a crer que a segurança de Jill está comprometida. Além disso, no internato em que Sydney finge ser apenas uma estudante normal, começa a aparecer evidências de que as substâncias que os alquimistas usam como proteção possam estar envolvidas de forma ilegais entre os humanos.

Quero destacar que apesar da maioria dos fãs de VA preferirem a Rose ao invés da Sydney, eu sou muito mais team Sydney e adorei a escolha da Richelle de colocá-la como principal no spin off. Richelle Mead é bastante conhecida por suas heroínas fortes e diferentes das que costumamos ler por aí, e ela não me decepcionou em nenhum momento em relação a Sydney. Diferente da Rose que é impulsiva, destemida e brutal, Sydney usa e abusa da lógica e da razão. Adoro o jeito nerd dela e como mesmo sendo uma profissional capaz, consegue ser bastante leiga quando o assunto é fazer amigos e socializar com as pessoas. Isso na verdade, a torna bastante engraçada, mesmo que ela nem tenha a presunção de ser. Não posso deixar de admirar a inteligência e a esperteza que a faz tão madura e forte de um jeito totalmente novo e surpreendente. Ao passo que Rose usa sua força física como elemento extra, Sydney usa sua mente.

“– Eu gosto de latim, – eu disse com absoluta seriedade. – É divertido. Eddie balançou a cabeça e disse em voz muito, muito baixa: – Eu não posso acreditar que você acha que nós somos os estranhos.” 

A Richelle consegue me fazer sentir um carinho imenso pela maioria de seus personagens e dessa vez não foi diferente. Depois de tudo que a Jill passou, ser jogada entre humanos por correr risco de vida constantemente entre sua própria espécie e tentar lidar com essa situação da melhor forma possível, mesmo sendo apenas uma garota de 15 anos, foi realmente tenso. Eddie é um fofo e assim como Sydney tem que provar que é digno de seu trabalho após ajudar a Rose em sua fuga. Agora, não posso deixar de falar sobre meu personagem favorito de todos os tempos não é mesmo? Adrian Ivashkov — suspiros — teve seu coração partido recentemente, toda sua família despedaçada e está estranhamente ligado a Jill. Desde VA que Adrian é o meu personagem favorito, e só por ele já vale ler esse livro maravilhoso. Além de ser engraçado e muito cativante, Adrian tem um charme irresistível. Mesmo nos piores momentos, ele consegue encontrar uma piada para te fazer sorrir. SEMPRE FUI E SEMPRE SEREI TEAM ADRIAN HAHAHAHA <3 

“– Isso não é sobre seu entretenimento pessoal. – Não é verdade –, ele disse, seus olhos verdes brilhando. – Tudo é sobre meu entretenimento pessoal. O mundo é meu palco. Lembre-se disso, você está se tornando uma estrela no show.” 

Desculpem, quando o assunto se trata de Adrian Ivashkov meu lado fangirling fica no modo mais ativo possível. Talvez seja por esse motivo que o romance nesse livro é uma das coisas que mais amei em toda a história. Sydney e Adrian tem uma química quase palpável, porém a tia Richelle soube desenvolver muito bem isso e denovo de uma forma totalmente nova e diferenciada. Ao contrário da maioria dos livros, esse casal começa da maneira mais correta possível, como amigos e parceiros de crime. Quero dizer, se você espera um romance meloso ou um “Eu te amo”, é melhor sair dessa, não rola nem um beijo! Isso porque o Adrian ainda está se recuperando de um relacionamento anterior e porque a Sydney ainda está enfrentando seu preconceito contra os vampiros. E é exatamente por isso que torna o relacionamento deles tão bem construído e natural. Podemos sentir com o passar do tempo a evolução dos dois personagens e apesar de não ocorrer nada realmente romântico em Laços de Sangue, só a amizade dos dois já é mais do que o suficiente para acrescentar de forma positiva em ambas as personalidades.

“– Que eu até sou legal... para um vampiro – ele explicou. Eu sacudi a cabeça, sem parar de sorrir. – Vai ser difícil fazer com que um alquimista confesse isso. Mas posso dizer que você até que é legal para um baladeiro irreverente com momentos ocasionais de brilhantismo.”

Enfim, além de nos trazer esses personagens que já conhecemos e nos encantamos desde VA, Richelle também acrescenta muitos personagens novos e cativantes. Também conhecemos um pouco da família da Sydney e só por isso já conseguimos entender melhor o motivo de tanta pressão em cima da garota. Apesar da maioria das resenhas afirmarem que os mistérios que a Richelle apresentou são totalmente previsíveis, ainda assim você não perde o gostinho na hora em que são revelados.

A Escrita da Richelle é simples e por isso em nenhum momento se torna cansativa ou maçante. Aliás, não só nesse livro, mas como em todos os livros da Mead, sua narrativa é viciante e sempre rola aquele toque de humor negro que deixa a leitura muito mais confortável.

Gostaria também de elogiar a Editora Seguinte pelo desempenho em trazer o spin-off para o Brasil, mesmo depois de todos os problemas com as outras editoras que ficaram responsáveis por VA, a Seguinte não decepcionou os fãs e conseguiu fazer a capa nacional superar a original (veja aqui). Também devo acrescentar que o segundo livro da saga, intitulado como “O Lírio Dourado” (The Golden Lily, no original), será lançado ainda esse ano e fico muito satisfeita com o respeito e o carinho que finalmente os fãs e a própria Richelle Mead está recebendo de uma editora Brasileira. Então, se você aí que é viciado em vampiros ainda não leu Laços de Sangue, você está perdendo tempo, CORRA!

Abaixo vocês podem conferir o book trailer do livro nos Estados Unidos:

Obs: VA (Sigla de Vampire Academy, aka Academia de Vampiros).