(Resenha) A Extraordinária Viagem do Faquir Que Ficou Preso Em Um Armário Ikea - Romain Puértolas

A figura de um faquir está associada à meditação, ao treinamento e à magia. Mas, no caso de Ajatashatru Ahvaka Singh, é mais provável que o público se depare com truques e trapaças. A última de suas artimanhas foi convencer sua aldeia a pagar por uma viagem a França para adquirir a Camadepregösa, um modelo de cama de pregos vendida pela Ikea. Só que ele não contava em ficar preso dentro de um dos armários da loja. Nem que o móvel seria despachado para outro país. Assim, o faquir e seu turbante partem para uma aventura, ainda que involuntária, pelo mundo, fazendo uma horda de inimigos, alguns amigos e aprontando muitas confusões pelo caminho. • Publicado como parte da lista “Os inevitáveis de 2014”, considerado uma das apostas do ano pela Folha de São Paulo. • Fenômeno de vendas na França, onde atingiu a marca dos 250 mil exemplares comercializados, e figurou no primeiro lugar na lista dos best-sellers do país.

Não tem como não rir.

Desde quando alguns parceiros do Grupo Editorial Record recebeu o livro fiquei bastante curiosa pela leitura, quando tive oportunidade de ler não pensei duas vezes na hora da escolha. Motivo da curiosidade? O nome grande. Não sei porque mas sou apaixonada por títulos enormes e sem dúvida esse me chamou atenção... A verdade é que eu nem sabia o que era um faquir, então tudo (incluindo a capa) me fez ficar bem ansiosa para tê-lo em mãos. Não poderia ter feito uma escolha melhor.

A extraordinária viajem do (...) nos conta a história de um indiano - de nome super complicado, então vou chamar de Faquir ou de Indiano mesmo - muito comédia. Muitas pessoas de sua aldeia pensam que ele é um ser abençoado, com poderes fora do comum, mas na verdade ele é um grande trapaceiro que durante grande parte da sua vida só pensou em si mesmo. Admito que eu no lugar dele faria a mesma coisa, afinal com a infância difícil que teve e a vida difícil que ainda tem, não teria como ser diferente. Até que tudo muda e ele começa a enxergar o mundo com outros olhos.

Mas é claro: Tudo mudou em mais uma de suas trapaças. Desta vez uma muito bem elaborada. Ele convenceu todas as pessoas da vila em que morava de que precisava de uma cama de pregos de uma rede de lojas chamada Ikea, por causa de um certo problema de coluna então, as pessoas o ajudaram a ir até a França conseguir uma dessas camas. Que na verdade, ele tinha planos de revender por um preço bem superior ao comprado na loja. Estava tudo dando certo em sua trapaça, até quando ele ficou preso em um dos armários da loja (onde ele ia dormir escondido, para poder pegar o voo no dia seguinte). Armário este que iria ser enviado para a Inglaterra... e foi neste momento que nosso querido Faquir começou sua viajem por vários países europeus ( e até uns do outro lado do mediterrâneo) .

Convivência com outros seres humanos costumam nos mudar. Quando você cresce diante de maldade, costuma se tornar uma pessoa fria (ou deprimida, ou egoísta...), mas quando você percebe que as coisas podem ser diferentes, que ainda existe bondade no mundo, começa a questionar suas próprias atitudes. E foi isso que aconteceu com o Faquir. Ele passou por situações bastante complicadas, entre as viagens que foi obrigado a fazer, mas foi exatamente nas situações difíceis que conheceu pessoas maravilhosas. Pessoas que inclusive o ajudaram sem esperar nada em troca.

E então o Faquir se tornou, aos poucos, uma pessoa completamente diferente...

É de se esperar, nessas histórias de mudança de vida, de evolução humana, que tenha muito drama, mas neste livro drama passa longe. Toda história é contada com todo bom humor do mundo, até mesmo os flashbacks do protagonista, sobre acontecimentos complicados da sua infância. E é com o humor que Romain me conquistou completamente, como diria Hazel : Leria até a lista de compras do autor. E leria mesmo.

Mas não foi só o humor e o personagem cativante que me conquistou. A narrativa é viciante, é o tipo de livro que você lê em uma " sentada só", pelo menos foi o que eu fiz. Ficava muito curiosa por cada página seguinte e a única coisa negativa é não ter mais páginas. EU QUERIA MAIS PÁGINAS. Talvez o dobro, porque a leitura foi muito, muito , muito agradável. Disse que amei a narrativa, mas não o motivo que é por ser narrada em terceira pessoa e sob mais de um ponto de vista. O autor vai ligando cada acontecimento, cada personagem e as vezes ele cita uma determinada pessoa ou descreve alguma cena, mesmo antes dela ter alguma ligação com o cenário principal da história, e é nesse momento que você fica bastante curioso para saber como as coisas serão ligadas umas as outras. Genial.

A capa é linda, amarelo e preto, com um relevo no armário que colocaram tanto na parte da frente quanto na de trás. Como vocês podem ver nas fotos:

Amei tudo sobre o livro, recomendo a todos que querem dar algumas risadas. Melhor distração para um sábado do que essa, não há!