Interagindo Com Clássicos #1 : 1984

• Edição: 1
• Editora: Companhia das Letras
• ISBN: 9788535914849
• Ano: 2009
• Páginas: 416
• Tradutor: Heloisa Jahn, Alexandre Hubner

Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que 'só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade - só o poder pelo poder, poder puro.

A ideia de fazer uma coluna periódica sobre livros clássicos ronda esse blog há bastante tempo. Essa semana, conversamos sobre o assunto e resolvemos fazer de vez.. Algumas vezes serei eu postando, outras a Paula, mas não vai faltar indicações de livros cultuados por aqui. Para ser considerado um clássico, seja da literatura brasileira ou mundial, é necessário merecer esse título; logo, precisamos separar um espacinho para eles, né? E para abrir a coluna nova, começo com um dos meus livros preferidos: 1984!

1984 é um daqueles livros de que todos já ouviram tanto falar e chovem tantas referências que até para quem não leu parece familiar. É narrado um futuro distópico (lembrando que o livro foi escrito em 1949, então sim, era futuro), com um governo autoritário, câmeras em todo lugar e a figura simbólica do Grande Irmão para representar o partido no poder. Acompanhamos Winston, suas descobertas sobre o sistema em que vive e sua paixão por uma colega de trabalho.



A grande qualidade de 1984 não é a aventura individual de Winston. Se você quer ler esperando muita ação, pode escolher outro livro. Este é bem parado, até. Bem mais descritivo que qualquer outra coisa. Mas é mágico. Ele vai explicando como funciona a hierarquia do governo, como cada aspecto da vida humana é controlada, e o que talvez seja o mais interessante: como deixamos chegar a esse ponto. George Orwell merece todos os aplausos por construir uma narrativa perfeitamente crível e sem furos. Todos esse elogio sem nem mencionar o final... O final é sensacional.

...E POR QUE É UM CLÁSSICO?

1984 é um clássico por ser pioneiro nesse gênero que agora está novamente em alta: as distopias. Nos apresenta uma realidade completamente nova com a qual todos conseguimos nos relacionar: estar sendo monitorados o tempo todo. As relações interpessoais são bem construídas, assim como as personalidades e a política. Aliás, sobre política: para quem gosta do assunto, o livro é um prato cheio. Críticas, analogias a governos conhecidos e tapas na cara são bem distribuídos ao longo das quase 400 páginas.

PS. Aos amantes de reality show, vamos repetir juntos: O Big Brother é quem está assistindo. Me dói ouvir o Pedro Bial chamando as moças e os rapazes de "brothers" e "sisters", quando na história de onde foi tirado o nome do programa o Grande Irmão é quem está sempre vendo você. Usar esse nome para uma casa cercada de câmeras, no entanto, acho genial.