Resenha: O Rei do Inverno (Bernard Cornwell)

Editora: Record

Ano: 2012 (19º edição)

Categoria: Romance histórico

Páginas: 546

Avaliação: 

Compre: Buscapé

Sinopse: O REI DO INVERNO é o primeiro volume da trilogia As crônicas de Artur do escritor inglês Bernard Cornwell sobre o lendário guerreiro Artur, que passou para a história com o título de rei, embora nunca tenha usado uma coroa. O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Artur, sem os exageros míticos de outras publicações. A partir de fatos, este romance genial retrata o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro britânico, que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos. "O livro traz religião, política, traição, tudo o que mais me interessa," explica Cornwell, que usa a voz ficcional do soldado raso Derfel para ilustrar a vida de Artur. O valoroso soldado cresce dentro do exército do rei e dentro da narrativa de Corwell até se tornar o melhor amigo e conselheiro de Artur na paz e na guerra.

Sempre fui apaixonada por histórias Arturianas, por toda magia épica por trás da lendária espada Excalibur. Não vou dizer que já li vários livros sobre o assunto, porque eu estaria mentindo, mas eu já realmente vi diversos filmes e toda vez que penso "épico" vem Artur na cabeça.  Assisti uma série, não tem muito tempo, chamada Camelot e admito que vi por causa do Jamie Campbell Bower (que agora é o meu Artur de todos os livros), mas a série me fez voltar para o mundo Arturiano, me fez querer procurar livros que abordassem melhor o tema, não meus livros ilustrados de criança haha. Então comprei As Brumas de Avalon (que só li os dois primeiros até agora) e fiquei desejando imensamente o box de  As Crônicas de Artur, que por sinal não estava disponível em lugar algum quando tentei comprar. Por sorte achei na Estante Virtual lacradinho, mas agora já voltou a ser vendido no submarino por um preço até bom. Admito que essa vai ser a resenha mais difícil que já fiz, acho que ela irá se tornar mais uma tentativa de convencer vocês a lerem o livro do que qualquer coisa... mas vamos lá ;)

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O livro conta a história do lendário Rei Artur que todos nós conhecemos. A diferença para os outros livros é que o Bernard escreveu como se fosse real, como se realmente tivesse acontecido e isso definitivamente deu um ar todo especial a leitura.
Segundo Bernard Cornwell, Artur na verdade nunca foi rei, ele era um dos vários filhos bastardos do Rei Uther. Irmão de Morgana, filho de Igraine de Gwynedd, mas ainda assim um bastardo, porém um bastardo que fez história por todo seu talento em batalha.
Tudo começa com Derfel ( que era um dos grandes guerreiros de Artur) contando a história de Artur a Igraine. Ele começa narrando desde quando o reino de Dumnonia (localizada ao sudoeste da Inglaterra) estava correndo risco de ficar sem um herdeiro,  uma vez que o Rei Uther, já velho  e doente,  não tinha filho legitimo algum vivo. Nesse momento Uther estava torcendo para que o filho de Norwenna (seu neto, filho de Mordred, mas ele não está sem herdeiro? O que aconteceu com o príncipe Mordred? Para descobrirem isso, vocês precisarão ler :3 ) fosse homem. Por causa desse nascimento e da importância que ele representa é que a história acontece. Em um reino sem um rei com idade suficiente para governar, em um reino divido entre a religião pagã e a cristã, em um reino que vive sob ameaça saxã... em um reino que tem dificuldade em manter paz até mesmo entre os britânicos. Honestamente como o Artur se envolve em tudo isso é algo que não quero contar, porque acho que tudo isso deve ser descoberto na leitura. Posso dizer que temos grande parte dos nossos personagens queridos (ou odiados) tradicionais, porém de maneira completamente diferente. Quem gosta de livros históricos, quem gosta do Artur, definitivamente não pode deixar de ler ;)

- Viu o que ele está fazendo? Derrubando o que é antigo! Porque? Para que possa impor suas superstições mesquinhas a nós. Porque não pode deixar o que é antigo em paz? Nós não nos importamos se alguns idiotas querem cultuar um carpinteiro, então porque ele se importa com o que nós cultuamos? quanto mais Deuses, melhor, é o que eu digo. Porque ofender alguns Deuses para exaltar o seu? Não faz sentido.

- Bom. A fúria é muito útil, e a querida Nimue tem talento para isso. Uma das coisas que não suporto nos cristãos é sua admiração pela humildade. Imagine transformar a humildade numa virtude! Humildade! Você consegue imaginar um céu cheio somente de humildes? Que ideia pavorosa! A comida ficaria fria enquanto todo mundo ia passando os pratos uns para os outros. A humildade não é boa Derfel. A raiva e o egoísmo são as qualidades que fazem o mundo marchar.

Não, não vou dizer quais personagens disseram isso, porque não quero que vocês saibam, antes do momento correto, qual é a personalidade e qual religião de cada um deles ^^

Eu comecei a ler o livro para relaxar um pouco, para ler devagar, porque tinha algumas provas chegando. Tive que largar ele, porque se eu lesse mais uma página sequer não seria capaz de parar e realmente não iria estudar! O livro é incrível, surpreendente, cativante, criativo e extremamente bem escrito. Grande parte dele é pura ação, você fica aflito, curioso para saber o que vai acontecer... não consegue parar de ler. Teve momentos que me peguei falando com o livro, completamente revoltada perguntando " Porque você fez isso?" , " Qual é o seu problema?" , precisando de uma pausa para deixar a raiva e a vontade de bater a cabeça do personagem na parede, porém  incapaz de fazer isso. É o tipo de livro que te faz ter todos os tipos possíveis de reação. É bem bruto, como se espera de livros da época (que é uma época realmente sangrenta na Inglaterra), mas também tem aquele toque adorável de romance...

- Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém e de súbito saber que a vida será impossível sem eles. Saber que a voz da pessoa pode fazer seu coração falhar, e que a companhia dessa pessoa é tudo que sua felicidade pode desejar, e que a ausência dela deixará sua alma solitária, desolada e perdida. 

É narrado em primeira pessoa, sob o ponto de vista do Derfel. A principio eu achei que isso realmente iria me incomodar, porque eu esperava que o livro fosse em terceira pessoa sob vários pontos de vista. Mas acreditem, não consigo imaginar uma maneira melhor para esse livro ser narrado agora que li, achei completamente agradável a leitura dessa maneira.

O capricho que a Editora Recorde teve com esses livros foi imenso. A edição tem uma capa linda, com fontes em relevo, titulo do livro prateado. É completamente organizado, possui mapa, lista de personagens, de lugares e no final do livro possui uma nota do autor, onde o Bernard fala sobre fatos históricos, registros... enfim sobre a base que utilizou para escrever essa história magnifica. Tirei algumas fotos, para convencer vocês de que precisam ter esse livro na estante haha ;)

Tem como não se apaixonar por essa edição?

Espero que tenham gostado da resenha. Para finalizar vou deixar alguns dos muitos trechinhos do livro que marquei :)

Um homem cuja casa está pegando fogo não carrega água para o incêndio do vizinho. 

Assim que você escreve alguma coisa ela se torna fixa. Vira dogma. As pessoas passam a discutir a respeito, ficam autoritárias, referem-se aos textos, produzem manuscritos, discutem mais e logo estão matando umas às outras. Se você nunca escreve nada, ninguém sabe exatamente o que disse, de modo que sempre pode mudar. 

Os bardos cantam o amor, celebram as chacinas, exaltam reis e lisonjeiam rainhas, mas se eu fosse poeta escreveria elogiando a amizade.  

Não importe em que Deus um rei acredite - disse-nos ele antes de marcharmos -, porque um rei deve aprender a lutar , e não a rezar.